Isadora
e Milla se encontraram com Flor.
- Oi
amiga. Te liguei e você não me atendeu. Não íamos pra academia juntas? – Disse Milla.
- Sim. –
Respondeu Flor pensativa. – É que eu estava numa ligação, por isso não atendi
naquela hora.
- O que você
tem? Tá aluada. – Perguntou Isadora.
- Sei lá,
uma coisa estranha.
- O que
foi?
- Se lembram
do Adamastor?
- Claro
né Flor, com este nome! – Isadora gargalhou.
- Não é
aquele tiozinho que queria sair com você? – Disse Milla.
- Mais
ou menos. O amigo dele que me convidou pra jantar algumas vezes.
- Sei...
– Resmungou Isadora. – De qualquer jeito os dois são velhos pra você.
- Sim.
Mas o Adamastor nem tem intimidade comigo, e hoje me ligou pra me fazer uma
proposta bizarra.
-
Shiiii! Que proposta?- Disse Isadora.
- Ele me
perguntou como estava o meu dia, se eu estava muito ocupada. Eu respondi que
nada especial, mas por que ele queria saber.
- Ai ai
ai – Resmungou Milla.
- Ai que
veio a loucura. Ele me disse que tinha um amigo dele de passagem na cidade, e que
ele estava ocupado resolvendo coisas familiares e não conseguiria dar atenção pro cara, mas
que pensou em mim como a companhia perfeita.
- Como
assim Flor! Guia turístico? – Disse Milla rindo.
- Acho
que sim. Flor riu. – Ele perguntou se eu conhecia bem a noite paulistana.
-
Entendi, tipo uma prostituta de luxo? – Gritou Isadora.
- Você
não foi né amiga! – Disse Milla.
- Claro
que não! Não conheço o cara.
- Ufa!
- Você
acha que ele me chamou de prostituta? – Flor disse pensativa.
- Logico
Flor!
- Eu não
pensei nisso na hora. – Flor fechou o cenho.
- E você
respondeu o que pra ele? – Perguntou Isadora. - Vamos avaliar as intenções dele.
-
Eu disse que não podia ir porque estava ocupada, e não conhecia a pessoa, e
isso era estranho.
-
E ele? – Perguntou Milla curiosa.
-
Falou pra eu não me preocupar por que o cara era “gente boa”, e que ainda por
cima era “mão aberta”!
-
O que? – Gritou Isadora furiosa. - Que cara de pau! Como você é lerda Flor! Este cara merecia umas bolsadas na cara pra ficar
esperto.
-
Mas foi por telefone! – Flor riu sem jeito.
-
Sua tonta! Merecia bolsadas assim mesmo! Se você quisesse se prostituir era problema
seu, mas ficar te oferecendo este velho babão!
-
Que cara nojento amiga. – Milla resmungou. – Estes caras perderam a noção,
confundem educação com liberdade, e libertinagem! É incrível a cara de pau desse
cara.
-
E o pior é que a Flor perde a oportunidade de xingar um nojento desses!
-
Ah cretino! Pensando por este lado você tem razão Isadora. Ele tava com um ton
sacana, deu umas risadinhas... Pensa que por que to solteira, to disponível pra
agradar qualquer um! Até parece que vou me vender por um jantar. – Flor revirou
os olhos. – Eu trabalho pra pagar por isso. Ta vendo por que não querem a
emancipação feminina?!
-
Flor, mas você precisa melhorar essa percepção neh, ou será que o cara vai precisar
dizer: quanto é o programa? Pra você se ligar!
-
Nunca eu ia imaginar isso. O cara me conhece do trabalho!
-
Mas deveria! – Disse Milla. Eu não sei como você não foi, só pra não desagradar
o cara!
-
Ele merece umas vassouradas! Te juro. – Disse Isadora.
-
To sem acreditar como fui ingênua, deveria ter brigado com ele, pra não fazer
isso nunca mais com ninguém!
-
Agora já foi Flor, também não precisa se torturar com isso. – Disse Milla.
-
Se fosse eu já tinha ligado e falado uns desaforos! – Disse Isadora.
Flor
pegou o celular.
-
O que você esta fazendo gata? – Perguntou Milla.
Em
seguida o telefone de Flor tocou.
-
Oi Adamastor, to bem sim. Não quero saber da proposta não. Só te liguei pra
dizer umas coisas. É que naquela hora estava dirigindo e não consegui raciocinar
direito. Eu não sou prostituta, e se fosse nem você ou seu amigo não teriam
dinheiro pra pagar.
Isadora
e Milla se olharam espantadas com cara de riso.
-
Sairia de graça com quem eu tenho vontade, mas ser educada com você não quer
dizer que te dou este tipo de liberdade.
Flor
ficou em silencio ouvindo o que o homem dizia.
-
Eu não entendi nada errado, não sou guia turístico também, mal te conheço, nem
este cara. – Flor começou a ficar vermelha.
-
Chega Flor! – Milla bateu as mãos na frente da amiga. Flor continuou a falar as
mesmas coisas. Isadora também começou a abanar as mãos.
Flor
desligou o telefone.
-
Pronto, agora vou dormir tranquila. – Ela respirou. - E ele nunca mais vai
fazer isso com ninguém!
e-
Você é louca amiga, ta parecendo adolescente que não sabe o que dizer na hora,
e depois quer voltar a briga. – Milla gargalhou.
-
Ta certo menina, não dava pra dormir com isso na garganta! – Disse Isadora.
-
Flor, me lembrei de uma coisa, este cara não é aquele que vai trabalhar com você
no projeto daquela empresa?
-
Sim. – Flor respondeu sem graça. – Ele mesmo.
-
Mulher, to achando que você exagerou. – Disse Milla. – Vocês vão trabalhar
juntos!
As
três amigas se olharam.
Flor
ficou pensativa.
-
Que nada! – Flor gargalhou. - Ele que fique esperto, ou abro um processo por
assedio!
Texto: Grazy Nazario.
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