quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Prazer sem tamanho - Crônicas do dia a dia



- Meninas, ontem enfim sai com o Paulão! – Disse Flor empolgada.

- Ebaaaaa! – Milla falou ao correr pela sala da amiga. – Até que enfim! – Ela bateu palmas.

- Me conta tudo sua maníaca sexual. – Exigiu Isadora enquanto saboreava sua marguerita. – Ela riu. – Conta logo, ele mandou bem?

- Vamos Flor, pare de matar a gente de curiosidade. – Isabela sentou no sofá e fixou os olhos na amiga. – Quero saber dos detalhes sórdidos.

- Vocês nem imaginam. – Ela torceu o lábio, e balançou a cabeça. – Foi uma decepção.

- Como assim amiga, com aquele bíceps e tanquinho! – Retrucou Milla. – Você ta brincando.

- Lógico que eu não ia brincar com isso Milla, o cara foi horrível!

- Mas o que aconteceu? Vocês não se sentiram á vontade um com o outro, ou não rolou química mesmo? – Perguntou Isabela.

- Já sei! Ele tem o pinto pequeno! – Isadora gargalhou.

- Até que não, o instrumento dele tem um tamanho bom. – Flor riu. – É que ele não sabe usar mesmo, ficou se olhando no espelho o tempo todo, colocando uma força nada a ver, parecia que estava na academia puxando ferro, o cara foi um mala.

- Meu Deus!  Tanta demora e suspense ele fez, e o cara é sem noção!? Aposto que não se preocupou com seu prazer. – Milla cruzou os braços emburrada.

- Gata, ele se preocupou com o espelho. – Flor bebeu cerveja. – Garanto que não tem nada a ver com o tamanho, ele não sabe usar mesmo.

- Como assim, vai dizer que você acha que tamanho não é documento?- Perguntou Isadora.
- Eu acho que é documento sim. – Gritou Milla. – Gosto de um documento grande e bem apresentável.

- Eu não concordo. – Disse Isabela. – Posso dizer que o mais importante é se entenderem nas preliminares, posições e no tempo certo.

- Você só namorou dois caras Isabela, e não transou com muitos além deles. – Milla se intrometeu.

- E o que isso tem a ver Milla? – Disse Isabela

- Ué, que você não te muito parâmetro. – Milla riu.

- Calma gente, eu concordo com a Isabela. – Flor se jogou no sofá. – Tamanho não é o mais importante. Mas eu compro do tamanho que eu quero na lojinha! – Ela gargalhou.

- Mas tem a sua importância, se fosse assim ninguém queria sexo com penetração, ficariam sós nas preliminares e tava linda! – Milla insistiu.

- Eu já namorei um japonês. – Gritou Isabela. – E o dele tinha um tamanho normal.

- Ta, mas ele mandava bem? – Perguntou Isadora.

- Não! – Isabela gargalhou. – Caraca, a gente ta mal hein!

- Eu já fiquei com negão, e o tamanho “super” é lenda, mas ele foi bacana. – Disse Isadora.

- Eu já sai com um super dotado! – Milla gargalhou. – Foi maravilhoso. – Mas ele se achava muito, ficou me dando canseira pra sair de novo. – Ela revirou os olhos. – Estes caras são folgados...

- Para Milla! – interrompeu Flor.

- Eu não ia dizer nada demais. – Milla fez cara de desentendida.


– Estamos falando de tamanho de pinto e performance sexual, e isso não tem nada a ver com romance ou namoros. – A moça sorriu suavemente. – Já sei onde você vai chegar com essa conversa.

- Nossa que falta de romantismo. – Ela torceu a boca descontraída. – Namorar um cara que transa bem é muito bom tá!

- Sim, é o CEU! Mas não é este o caso agora. – Flor se levantou, e gesticulou com as mãos. – O caso é como eles se comportam com as mulheres, em tempos que sabemos diferenciar quando uma transa é boa ou ruim.

- Entendi, gostei disso. – Milla sorriu. – Podemos falar disso com alguma propriedade. - Mas continuo gostando dos que tem um grande “potencial”.

- Eu também acho que quando maior pode ser mais divertido, por que se o cara não mandar muito bem no resto, pelo menos dá pra falar de alguma sensação né. – Isadora se divertiu.

- Dor também é sensação ta gente! – Isabela se levantou. – Essa conversa ta me dando arrepios.

- Eu acho que é relativo. – Flor se intrometeu. – Eu já transei com um cara que tinha o pinto pequeno e não era grosso. - Ela riu descontroladamente. – Mas ele mandava super bem, sai com ele várias vezes, era muito bom. – Ela fez cara de prazer. – Acho que vou ver se ele ainda esta na minha lista de contatos.  

- Então quer dizer que estes caras super bombados não funcionam bem? – Disse Isadora. – Pensei que fosse lenda.

- Comigo não rolou. Mas pode ser que funcione. – Disse Flor.

- Para o sexo ser bacana, acho que ser tudo na medida, tamanho, química e pegada, e o Paulão não se importar com nada disso é mega decepcionante. Aff, já que vai fazer que faça direito neh. – Disse Isadora com as mãos na cintura.

 – Que chato, colocar uma lingerie nova, roupa, se preparar toda pra não sentir uma gotinha de prazer. Muito babaca. – Milla Cruzou os braços.  

 Flor se levantou e pegou o celular. E em seguida voltou decepcionada.

- O que foi Flor, por que fez esta cara?  - Perguntou Isadora. – Não me diga que esta preocupada se o Paulão te ligou.

- Imagina, quem iria querer viver aquele horror de novo? – Ela ficou pensativa. – E... Duvido que ele fale comigo de novo, sé se fosse bem resolvido. – Ela revirou os olhos. – O que é difícil para homens desse tipo.

- Mas o que você fez pra ele? - Disse Milla.

- Nada demais, mas acho que ele não gostou muito. Eu tinha levado os meus brinquedinhos, e ele não quis nem olhar. Então depois que ele parou e me deixou na vontade eu fui ao banheiro, e disse a ele que sentiria prazer sozinha. – Flor olhou pra amiga com cara de safada.

- Você não fez isso sua louca?

 As três gritaram com os olhos esbugalhados.

- E por que eu não faria? Ele ficou bravo, mas a esta hora já estava sem força pra qualquer coisa, pediu pra eu esperar um pouco, mas eu estava cansada. Varias marcas roxas!

- Você enlouqueceu. – Afirmou Isadora com a boca aberta.

- Ele ficou tanto tempo agindo como se estivesse competindo que se esqueceu do mais importante, interagir. – Flor deu de ombros. 

- Você tem razão! – Milla gaguejou. – Ele mereceu.

- Assim, quem sabe quando ele sair com outra garota aprenda a ouvir e se importar, sexo é troca de prazer. – Flor levantou o copo em brinde.

- Verdade. – Riu Isadora. – Mas acho que pro Paulão só uma coisa ajuda.

- O que? – Disse Flor.

- Que tirem todos os espelhos do motel!





Texto: Grazy Nazario.


sábado, 25 de agosto de 2018

Calcinha de dormir - Crônicas do dia a dia


Isabela entrou no carro e ligou o motor, saiu as pressas enquanto ouvia o tagarelar da amiga.
Em menos de duas quadras o carro levou uma fechada de uma moto, a moça pensou rápido e saiu pra sua direita. Ouviu-se a derrapada forte, o carro que vinha no sentido contrário tentou desviar, mas bateu próximo a porta da motorista, prensando toda a parte dianteira.

Isabela soltou um grito, e em seguida começou a chorar.

- Esta tudo bem com você Bela? Fala comigo Isabela, por favor! – Perguntou Isadora com tranquilidade.
- To bem. – Respondeu a moça. –  Eu não consigo mexer o meu pé, deve estar preso em algum lugar. – Ela resmungou controlando a respiração e aos poucos se acalmando.

Cerca de trinta minutos depois chegou a ambulância, Isadora e Isabela conversavam quando um homem alto e forte chegou próximo do carro onde estavam as amigas.

- Bom dia senhoras. Estão conscientes? – Perguntou o homem.

- Muito bem. – Respondeu Isadora entre os dentes. - Melhor agora.

- Por favor, Isadora. - Ele veio me socorrer. – Isabela sorriu.

– A minha amiga esta com o pé preso na lataria. – Isadora disse imediatamente.

- Meu nome é Jota. Deixa eu olhar como estão as coisas por ai.

O homem examinou a parte que estava prendendo as pernas de Bella.

- Espero que não goste muito dessa calça.  Ele sorriu descontraído. - Vamos tirar você daí. – Ele disse em confiante. – E saiu em direção a ambulância.

As meninas riram presunçosas.

- Nossa que profissional da saúde! – Isadora se abanou. – No meu trabalho não tem nenhum desse ai, nem para fazer de colírio para os olhos. – Ela gargalhou. – Seria bom demais, ou não ia prestar, por que ninguém ia trabalhar.

Isadora olhou pra amiga e viu seu semblante fechar, de uma hora pra outra seu rosto ficou pálido, e sua boca pareceu querer arroxear.  Isabela estava preocupada demais, ou prestes a desmaiar.

- O que foi garota? - Isadora gritou.

- O que ele disse sobre a calça? - Perguntou Isabela como se tivesse em transe.

- Ele falou aquilo porque a sua calça deve ser toda cortada neh, isso é normal. 

- Eu não posso ir para o hospital. – Respondeu a motorista com convicção. 

- Que isso garota! Ta devendo o que? - Retrucou Isadora.

- Não to devendo, não quero ir. – Disse a moça com a voz alterada.

O atendente da emergência chegou:

- Vamos lá moça, acabar com isso ai.

- Eu não quero ir para o hospital Jota, me deixe ir pra casa. Eu estou bem. – Isabela tentou ser convincente, mesmo com a voz fraca dissimulando a dor. 

- Eu não entendi essa agora Jota, garota estranha. – Isadora resmungou.

Isabela fixou os olhos na amiga. e passou a mexer todos os músculos faciais possíveis, era o nariz entortando, a boca gemendo, os olhos piscando desesperadamente, tudo ao mesmo tempo.

Isadora percebeu que tinha algo errado, mas ainda assim caiu na gargalhada.

- To entendendo é nada!

Isabela começou a mexer a cabeça em direção a sua virilha. A amiga arregalou os olhos.

- Eu vou te matar Isadora! – Disse Isabela enquanto Jota e mais um agente tirava o seu pé das ferragens. 

Em seguida ela gritou. 

– Ta doendo muito, ta insuportável.

- Pelo que vi o seu pé esta quebrado em três partes, isso é serio. Vai precisar de cirurgia. - Afirmou Jota

- Não! – Isabela berrou.

Todos a olharam. 

Em menos de dois minutos ela estava na ambulância a caminho do hospital, as duas amigas enfim estavam a sós.

- Não entendi nada das suas macaquices Isabella, você ficou se estremecendo toda. – Você ta afim do boy? Não tem problema...

-  Fica quieta. - Isabela cochichou. – E eu lá tenho cara de fazer uma coisa dessas, parece que não me conhece! – Ela respirou fundo. - Eu to com uma calcinha rasgada. – Seu rosto  ficou vermelho, mais que a lua em dia de eclipse.

Isadora abriu uma boca imensa, maior mesmo só os seus olhos de espanto.

- Como você sai de casa pra me levar numa consulta com uma calcinha rasgada?! – Ela ergueu o corpo e pôs a mão na cintura. – Você é louca, só pode!

- Eu não ligo muito pra essas coisas, você sabe. – Respondeu Isabela.

- Percebe-se. – Isadora bufou. – De quanto a respeito de rasgada estamos falando?

- Muito. – Isabela engoliu seco.

- Você  disse que não liga né, então por que tanta preocupação afinal. – Ela revirou os olhos. – Se é uma pessoa que não tem condições financeiras eu entenderia, mas você esta bem colocada no mercado de trabalho, isso é desleixo já!

- Não exagera! Eu estava atrasada, sai com a calcinha que usei pra dormir.

- Entendi. Desleixo e preguiça!

- Exagero seu. – Resmungou Isabela.

 Chega! – Isadora ameaçou a rir. – Eu não quero saber mais dessa historia. – Você não liga mesmo, então pode parar com isso. Não pode deixar de operar o pé por conta de uma calcinha furada, deixe o medico pensar que rasgou no acidente.

As duas gargalharam como loucas.

- Imagina se isso acontece comigo, eu sofro um desmaio! – Brincou Isadora. – Calcinha rasgada eu jogo fora. Não da pra usar um troço que não tape nada! Isso é auto cuidado.

- Ta bom, ta bom! Chega de sermão. Eu aprendi a lição, não ligo de usar calcinha rasgada, mas alguém ver é bem constrangedor.

- Vão tirar a sua roupa toda, inclusive a calcinha. – Isadora ficou um pouco pensativa e  riu compulsivamente.

- O que foi?

- Nada... – Isadora balançou a cabeça. – Hoje você faz a equipe de enfermagem rir a toa.  

- Isso, ta me ajudando muito. –Ela fulminou a amiga. - Estou muito melhor depois desse nosso papo.

O carro parou na entrada de emergência.

-  O que me consola é que nada pode ficar pior. – Resmungou Isabela.

O médico chegou, olhou para o pé da acidentada.

- Que coincidência boa, uma fratura em três partes, é disso que eu preciso. - O medico levantou a mão e chamou uma moça. - Peça para todos os estagiários da emergência vir para a sala de cirurgia do terceiro andar, farei uma cirurgia de algo que estamos acompanhando esta semana. São um total de 25 pessoas.

Isabela empalideceu, enquanto sua maca era empurrada para a sala de cirurgia olhou para a amiga,  mexendo a cabeça desesperadamente.



A cirurgia enfim foi um sucesso, pouco após terminar Isabella estava no quarto.

Ficou ansiosa quando viu a amiga na porta.

- Vai ficar tudo bem comigo, o médico disse que dificilmente ficarei com alguma dificuldade pra andar ou correr, e se eu me cuidar bem em alguns meses estarei 100%.

- Isso é maravilhoso. – Isadora disse feliz.

- Eu acho que o médico percebeu que eu estava constrangida por conta da calcinha, que não tinha um furo, aquilo era um  tiro  de canhão. Eu pedi pra ele não chamar os estagiários.

- Nossa que coragem, e ele disse o que? - Questionou Isadora.

- Que ali eu era um instrumento para estudo, e que estava contribuindo para formar médicos e ajudar pessoas a se saírem bem de uma fratura como a minha. E também falou que a medicina é bem clara quanto à questões de ética e profissionalismo. 

- Nossa, ele é bom!

- Sim, eu fiquei muito mais tranquila, depois disso relaxei, eu já tava ali mesmo não é! – Isabela sorriu. – Não tinha o que fazer, decidi não me preocupar.  

- Verdade. – Isso é bom. - Garantiu Isadora.

Flor e Milla apareceram na porta do quarto.

- Oi meninas! – Que bela visita.

- Bela, me diz que você não é a Isabela da calcinha furada do leito 12? – Perguntou Milla com o semblante preocupado.

Todas as amigas se olharam simultaneamente, e em seguida para o numero abaixo da cama. N-12.

Isabela Ficou vermelha de raiva.

- Malditos estagiários!

Texto: Grazy Nazario. 





terça-feira, 7 de agosto de 2018

Curiosidade mata - Crônicas do dia a dia



Flor estava ansiosa, depois de devorar uma caixa de bombons, e beber sozinha duas garrafas de vinho, ouviu a campainha tocar. 

Isadora entra animada.

- Oi minha linda!

Logo atrás dela estavam Milla e Bella. Ambas beijaram Flor, que a esta altura estava pálida e transpirava descontroladamente.

- Que cara é esta Flor? – Pergunta Isadora com sua voz de papagaio esvoaçante, como de costume.

- Eu vou morrer! – Responde Flor abaixando a cabeça em cima da mesa. – São meus últimos dias de vida. – Ela diz com a voz mole, e começa uma choradeira.

As três amigas arregalam os olhos.

- Você esta bêbada, sua louca! - Pergunta Milla curiosa como se quisesse rir. – Enlouqueceu?

- Não brinca com essas coisas Flor. – Bella diz preocupada. Passa a mão nos cabelos da amiga. – Fala logo o que aconteceu. Isso é drama por conta de algum crush!

Flor aumenta o volume de choro.

- Eu não tenho crush. Sou um caso perdido Isabella. 

- Acabei de crer, dessa vez você perdeu o rumo da sanidade mesmo, só pode! – Isadora gargalha. E fica pensativa. – Isso são excessos de hormônios, certeza. – Isadora diz convicta.

-Para de chorar. – Milla pede irritada. – Fala alguma coisa.

- Isso é exagero da Flor. – Isadora revira os olhos. – Eu aposto quanto você quiser que ela ta na TPM, ela sempre fica desse jeito. Mês passado teve crise existencial. – Isadora levanta as mãos para o alto. – Ainda bem que não tenho isso, eu já teria agredido algumas pessoas.

- Será que é isso? – Isabel pôs a mão no queixo.

Flor fez silêncio, levantou e pegou envelopes que estavam em cima da mesa da sala, levou para as amigas, e entregou nas mãos de Isabel.

- Olhem isso.

- O que tem isso Flor!?  - Pergunta Isadora.

- Você não sabe ler? – Flor enxuga o rosto.  Você não trabalha na saúde? Esta dizendo que eu tenho miomas malignos, que eu terei que arrancar o meu útero, que eu vou morrer, e jamais poderei ter filhos! – Flor recomeçou a crise de choro.

- Mas amiga, você sempre disse que não queria ter filhos de jeito nenhum!

- CALA A BOCA MILLA! – Gritaram Bella e Isadora numa única voz.

- Mas ela sempre disse mesmo. – Milla sussurra.

Isadora encarou Milla como se fosse possível asfixiar com a mente. 

- Calma minha linda Flor. – Bella diz com a voz calma e levemente embargada. – Estamos aqui, vamos ficar juntas. - Já conversou com a sua família?

- Não. – Flor encheu uma taça de vinho. – Eu estou muito triste hoje, já chorei o bastante pra encher uma represa em tempos de crise de chuva. Eu quero beber mais.

Isadora e Milla se olharam, e os olhos entristeceram.

 - Que coisa chata amiga. – Diz Milla com a voz delicada. – Você já sabe o que precisará fazer? Vamos ajudar em tudo.

- ESPERA AÍ! – Grita Isadora.

- Para de berrar Isadora! – Temos uma mulher doente aqui.  

- Também não precisa falar assim neh Milla, daqui a pouco vai me enterrar. – Disse Flor.

- Parem de escândalo meninas. – Interrompe Bella.

- Que médico safado é este que você foi?  Pelo amor de Deus Flor! Não pode ser. – Isadora levanta os exames.

Flor levanta a cabeça devagar, com os olhos cheios de olheiras e sorri um pouco sem graça.

- Médico? Como assim.

- Ele não sabe ler um exame direito? – Pergunta Isadora. – De onde ele tirou que você vai morrer? Vou denunciar o CRM desse patife, como pode falar uma coisa assim, se a pessoa não morre de doença, morre de infarto!

- O que você esta falando Isadora? – Pergunta Bella. – O que tem escrito aí?

- Não esta falando nada sobre morrer em alguns dias. – Isadora respondeu irritada. – Existem sim uns nódulos minúsculos, mas a biopsia já diz que são benignos. Isso é normal, não tem nada disso de tirar útero, inclusive você pode engravidar normalmente.

- Devem ter outros exames Isadora. – Resmungou Bella- Cadê os outros exames Flor, deixa a Isadora olhar pra deixar a gente mais tranquila.

Flor abriu os dentes sem sorrir.  

- Não tem mais exames. São só estes mesmo. – Ela pegou o envelope das mãos da amiga. – Eu peguei os resultados ontem.

- E quem é este médico? – Insiste Isadora.

- Eu sei o que estou falando gente. – Ela disse meio aos soluços. – Coloquei todos os sintomas no google, o diagnostico é certeiro em mais de três sites. O dr. Google foi preciso!  

As amigas se olharam simultaneamente raivosas.

- Então eu não vou morrer? – Resmunga Flor.

- Sua doida irresponsável. Você nem passou pelo médico ainda, e ta querendo matar a gente de preocupação! – Isadora fecha os punhos. –  A minha vontade é de matar você! Vá até o médico e depois confirme isso direito.

- Você tem certeza disso? – Diz Flor enquanto ergue a cabeça.

- Eu já li vários exames desse tipo, esta tudo bem. – Responde Isadora.

- Eu nunca tinha pensado sobre isso de morrer. – Flor suspira. – Acho que vou fazer uma produção independente, escrever um livro e plantar uma arvore.

Todas riram.

- Você é louca! – Resmunga Milla. – Isso não se faz.

- Agora to curiosa pra saber se esta tudo bem mesmo. – Disse Flor.

- Amanhã você vai ao médico e deixa que ele faça o diagnostico, nada de entrar nessa onda de Dr. Google, isso mata a gente de susto!

- Tudo bem, espero até amanhã. – Ela respirou fundo. - Mas esqueci de falar uma coisa, tem a mamografia que eu ainda não abri, vamos dar uma espiada juntas?

- NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO



Texto: Grazy Nazario. 





Não é só no circo que tem palhaço

  Flor chega em casa furiosa. Joga a bolsa no sofá, bebe água e olha o celular. Percebe que tem pelo menos dez mensagens. Ignora todas e b...