- Meninas eu tive uma briga feia com meu filho! – Gritou
Isadora.
- É normal brigar com os filhos. – Bella gritou da cozinha. –
Larga de tanta aflição.
- O problema é brigar por que ele ta namorando. – Isadora pigarreou. – E briguei também com a namorada dele.
- Não me diga que você é daquelas mães que se sentem dona da
vida do filho. – Disse Flor. – Você tem vida própria, pelo amor!
- Você fala isso por que não tem filhos Flor, o Matheus ta
saindo com uma menina pavorosa. É uma safada!
Milla gargalhou.
- Por que você ta xingando a menina? Já vi tudo, é a velha rixa
entre sogra e nora!
- Só pode ser isso! – Flor confirmou.
- Não é nada de rixa! A menina não sabe o que quer, uma hora
namora e outra termina, tem um ex-namorado que fica perturbando... A cretina
fica fazendo meu filho de idiota.
- Mas isso é normal né Isadora, são adolescentes! – Bela se
sentou no sofá.
- Não acho normal não, se quer assumir compromisso que saiba
o que ta fazendo.
- Nossa você vai querer casar eles quando mesmo?! – Flor gargalhou.
Isadora se enfureceu e colocou as mãos na cintura.
- Esta menina é uma safada, sem vergonha, pra não dizer uma
vagabunda de beira de esquina!
- Êpa! Pera ai. – Bela se levantou. - Então todas nós somos
tudo isso, inclusive você! Quando você aponta o dedo pra uma mulher, ele ta
apontado pra você também.
- Calma Bela, a menina também não é santa. – Disse Milla.
- Ninguém é! – Gritou Flor. – Eu tô com a Bela. Se for assim
nenhuma de nós presta.
- O seu filho esta conhecendo pessoas, como ela. – Bela
disse com calma.
- Mas então por que querer se comprometer e ficar toda hora
terminando e de rolo com o ex? – Milla Cruzou os braços.
- Cada um tem um jeito. Se o seu Matheus não tá curtindo o
que ela ta fazendo que saia fora, que namore outra. Tod@s ficamos confus@s as
vezes.
- Até parece que é fácil assim neh. – Isadora fechou o cenho. - Tô com pena do meu filho, coitado.
- Mas todo mundo sofre por amor Isadora, isso é normal. –
Flor suspirou. Esta se preocupando a toa.
- Sofrimento é ouvir as suas falas machistas. – Bela cruzou
os braços. - Imagine se o Matheus fosse uma menina!
- Ia ser terrível também. – Isadora grunhiu. – Mas mulher
quando quer mandar...
- Homem bate, humilha, faz de tudo quando quer mandar também.
– Flor insistiu.
- Mesmo assim...
- Não tem isso Isadora, as mulheres conquistaram certa
independência, mas as questões machistas são muito fortes. – Bela olhou pra
amiga. - E você ficar falando que a menina que o seu filho ta saindo é
vagabunda, por estar indecisa ou conhecendo pessoas, como ele também faz, não
ajuda em nada.
Isadora ficou quieta, com os olhos arregalados.
- Não tinha pensado por este lado.
- É que a gente costuma olhar só o nosso lado. – Disse Flor.
- Flor você não tem filhos, não entende como é difícil esta
fase.
- Eu não preciso ter filhos Isadora, eu tenho a mim, as
minhas experiências, de amigos, sabemos que às vezes o amor não bate com a
pessoa que a gente quer, ou estamos em vibes diferentes, daí sempre tem alguém
que se machuca. Relações são difíceis, isso não é segredo.
- Isso é verdade. – Disse Milla.
- Não sei nem o que dizer. – Isadora suspirou. – Pelos
filhos a gente fica cega. O que eu tô falando não tem nada a ver mesmo. – Ela
suspirou.
- Eu sei que você não é má pessoa, e que ta querendo
defender o seu filho. Mas eles precisam aprender a se defender sem colocar a
culpa em ninguém.
- E a culpa sempre é da mulher né! – Flor bufou. – Isso
cansa. Meninas também querem se divertir, tipo como nós também fazemos e meninos
sempre fizeram.
- E isso não quer dizer que não fazemos umas palhaçadas as
vezes, todo mundo faz! – Disse Bela. - Somos humanas.
- É claro que erra, todo mundo pisa na bola as vezes. Então diga que ela é mau caráter, traíra, ou infeliz... Fala do que ela fez e não
pelo gênero. Isso é horrível!
- Isso não adianta nada Bela. – Milla revirou os olhos. –
Nada a ver não xingar a pessoa do jeito que a gente quer, estamos acostumadas a
falar essas coisas, na hora do nervoso sai.
- É só desacostumar ueh! Ninguém nasceu dizendo isso.
Aprender outras coisas faz bem, evolui!
- Nós mudamos aos poucos, outras pessoas também. Assim as
crianças não veem nada disso e não repetem. Quando vai ver, daqui a 400 anos
vai estar praticamente extinto xingar uma mulher de vagabunda, puta ou qualquer
coisa dessas.
- Sim, vagabunda só se ela não trabalhar. – Flor gargalhou.
- Vocês estão certas meninas. – Isadora suspirou. – Fiquei
até com vergonha agora.
- Bom é você ver que este não é o caminho. - Disse Bela. - Eu sei falando de filhos é difícil controlar. Eu fico preocupada com a Julia também, e ela só
tem 12 anos, mas quando começar a namorar não vai ser fácil.
- Eu sei, vou pensar mais nisso que você disse. – Isadora quis
chorar. - Mas continuo preocupada, eu vi o meu filho chorando tanto, fiquei
morrendo de dó! Acho que ele nunca mais vai ficar normal de novo ou vai demorar
muito. Já faz uma semana que ele tá mal.
- Isso passa, todo mundo já chorou por isso. – Disse Flor olhando as unhas.
- Logo ele vai ficar bem. – Disse Milla. – Eu sei
bem o que é isso. – Ela riu.
- Quando isso passar vou comemorar. Nem que seja com
beijinho e brigadeiro, por que é digno de uma festa!
A porta abriu.
Matheus entrou em casa cantarolando.
As quatro meninas pararam de falar e se olharam.
- O que você tem? – Isadora colocou a mão na testa do filho.
– Você estava chorando feito uma criança ontem a noite.
- Eu to bem mãe.
- E a Aninha? Vocês estão bem?
- Mais ou menos. – Disse Matheus. - Ah mãe eu to falando com
a Flavinha, a menina é mó gente boa. A gente ta marcando de ir no cinema
amanhã.
Isadora arregalou os olhos.
- Entendi filho.
Na cozinha Isadora abriu a geladeira.
- Meninas, alguém quer bolo de chocolate!? - Isadora gargalhou.
Texto: Grazy Nazario.
Texto: Grazy Nazario.