Isabela entrou no carro e ligou o motor, saiu as pressas enquanto ouvia o tagarelar da amiga.
Em menos de duas quadras o carro levou uma fechada de uma moto, a moça pensou rápido e saiu pra sua direita. Ouviu-se a derrapada forte, o carro que vinha no sentido contrário tentou desviar, mas bateu próximo a porta da motorista, prensando toda a parte dianteira.
Em menos de duas quadras o carro levou uma fechada de uma moto, a moça pensou rápido e saiu pra sua direita. Ouviu-se a derrapada forte, o carro que vinha no sentido contrário tentou desviar, mas bateu próximo a porta da motorista, prensando toda a parte dianteira.
Isabela soltou um grito, e em seguida começou a chorar.
-
Esta tudo bem com você Bela? Fala comigo Isabela, por favor! – Perguntou
Isadora com tranquilidade.
-
To bem. – Respondeu a moça. – Eu não
consigo mexer o meu pé, deve estar preso em algum lugar. – Ela resmungou controlando a respiração e aos poucos se acalmando.
Cerca
de trinta minutos depois chegou a ambulância, Isadora e Isabela conversavam quando um
homem alto e forte chegou próximo do carro onde estavam as amigas.
-
Bom dia senhoras. Estão conscientes? – Perguntou o homem.
-
Muito bem. – Respondeu Isadora entre os dentes. - Melhor agora.
-
Por favor, Isadora. - Ele veio me socorrer. – Isabela sorriu.
–
A minha amiga esta com o pé preso na lataria. – Isadora disse imediatamente.
-
Meu nome é Jota. Deixa eu olhar como estão as coisas por ai.
O
homem examinou a parte que estava prendendo as pernas de Bella.
-
Espero que não goste muito dessa calça.
Ele sorriu descontraído. - Vamos tirar você daí. – Ele disse em
confiante. – E saiu em direção a ambulância.
As
meninas riram presunçosas.
-
Nossa que profissional da saúde! – Isadora se abanou. – No meu trabalho não tem
nenhum desse ai, nem para fazer de colírio para os olhos. – Ela gargalhou. –
Seria bom demais, ou não ia prestar, por que ninguém ia trabalhar.
Isadora
olhou pra amiga e viu seu semblante fechar, de uma hora pra outra seu rosto
ficou pálido, e sua boca pareceu querer arroxear. Isabela estava preocupada demais, ou prestes
a desmaiar.
-
O que foi garota? - Isadora gritou.
- O que ele disse sobre a calça? - Perguntou Isabela como se tivesse em transe.
- Ele falou aquilo porque a sua calça deve ser toda cortada neh, isso é normal.
-
Eu não posso ir para o hospital. – Respondeu a motorista com convicção.
-
Que isso garota! Ta devendo o que? - Retrucou Isadora.
-
Não to devendo, não quero ir. – Disse a moça com a voz alterada.
O
atendente da emergência chegou:
-
Vamos lá moça, acabar com isso ai.
-
Eu não quero ir para o hospital Jota, me deixe ir pra casa. Eu estou bem. –
Isabela tentou ser convincente, mesmo com a voz fraca dissimulando a dor.
-
Eu não entendi essa agora Jota, garota estranha. – Isadora resmungou.
Isabela fixou os olhos na amiga. e passou a mexer todos os músculos faciais possíveis, era o nariz entortando, a
boca gemendo, os olhos piscando desesperadamente, tudo ao mesmo tempo.
Isadora
percebeu que tinha algo errado, mas ainda assim caiu na gargalhada.
-
To entendendo é nada!
Isabela
começou a mexer a cabeça em direção a sua virilha. A amiga arregalou os olhos.
-
Eu vou te matar Isadora! – Disse Isabela enquanto Jota e mais um agente tirava
o seu pé das ferragens.
Em seguida ela gritou.
– Ta doendo muito, ta insuportável.
-
Pelo que vi o seu pé esta quebrado em três partes, isso é serio. Vai precisar
de cirurgia. - Afirmou Jota
-
Não! – Isabela berrou.
Todos
a olharam.
Em menos de dois minutos ela estava na ambulância a caminho do
hospital, as duas amigas enfim estavam a sós.
-
Não entendi nada das suas macaquices Isabella, você ficou se estremecendo toda.
– Você ta afim do boy? Não tem problema...
-
Fica quieta. - Isabela cochichou. – E
eu lá tenho cara de fazer uma coisa dessas, parece que não me conhece! – Ela
respirou fundo. - Eu to com uma calcinha rasgada. – Seu
rosto ficou vermelho, mais que a lua em
dia de eclipse.
Isadora
abriu uma boca imensa, maior mesmo só os seus olhos de espanto.
-
Como você sai de casa pra me levar numa consulta com uma calcinha rasgada?! –
Ela ergueu o corpo e pôs a mão na cintura. – Você é louca, só pode!
-
Eu não ligo muito pra essas coisas, você sabe. – Respondeu Isabela.
-
Percebe-se. – Isadora bufou. – De quanto a respeito de rasgada estamos falando?
-
Muito. – Isabela engoliu seco.
-
Você disse que não liga né, então por
que tanta preocupação afinal. – Ela revirou os olhos. – Se é uma pessoa que não
tem condições financeiras eu entenderia, mas você esta bem colocada no mercado de trabalho,
isso é desleixo já!
-
Não exagera! Eu estava atrasada, sai com a calcinha que usei pra dormir.
-
Entendi. Desleixo e preguiça!
-
Exagero seu. – Resmungou Isabela.
Chega! – Isadora ameaçou a rir. – Eu não
quero saber mais dessa historia. – Você não liga mesmo, então pode parar com
isso. Não pode deixar de operar o pé por conta de uma calcinha furada, deixe o
medico pensar que rasgou no acidente.
As
duas gargalharam como loucas.
-
Imagina se isso acontece comigo, eu sofro um desmaio! – Brincou Isadora. –
Calcinha rasgada eu jogo fora. Não da pra usar um troço que não tape nada!
Isso é auto cuidado.
-
Ta bom, ta bom! Chega de sermão. Eu aprendi a lição, não ligo de usar calcinha
rasgada, mas alguém ver é bem constrangedor.
-
Vão tirar a sua roupa toda, inclusive a calcinha. – Isadora ficou um pouco
pensativa e riu compulsivamente.
-
O que foi?
-
Nada... – Isadora balançou a cabeça. – Hoje você faz a equipe de enfermagem rir
a toa.
-
Isso, ta me ajudando muito. –Ela fulminou a amiga. - Estou muito melhor depois
desse nosso papo.
O
carro parou na entrada de emergência.
- O que me consola é que nada pode ficar pior. –
Resmungou Isabela.
O
médico chegou, olhou para o pé da acidentada.
-
Que coincidência boa, uma fratura em três partes, é disso que eu preciso. - O
medico levantou a mão e chamou uma moça. - Peça para todos os estagiários da
emergência vir para a sala de cirurgia do terceiro andar, farei uma cirurgia de
algo que estamos acompanhando esta semana. São um total de 25 pessoas.
Isabela
empalideceu, enquanto sua maca era empurrada para a sala de cirurgia olhou para a amiga, mexendo a cabeça desesperadamente.
A
cirurgia enfim foi um sucesso, pouco após terminar Isabella estava no quarto.
Ficou
ansiosa quando viu a amiga na porta.
-
Vai ficar tudo bem comigo, o médico disse que dificilmente ficarei com alguma
dificuldade pra andar ou correr, e se eu me cuidar bem em alguns meses estarei 100%.
-
Isso é maravilhoso. – Isadora disse feliz.
-
Eu acho que o médico percebeu que eu estava constrangida por conta da calcinha,
que não tinha um furo, aquilo era um tiro de canhão. Eu pedi pra ele não chamar os
estagiários.
-
Nossa que coragem, e ele disse o que? - Questionou Isadora.
-
Que ali eu era um instrumento para estudo, e que estava contribuindo para
formar médicos e ajudar pessoas a se saírem bem de uma fratura como a minha. E
também falou que a medicina é bem clara quanto à questões de ética e
profissionalismo.
-
Nossa, ele é bom!
-
Sim, eu fiquei muito mais tranquila, depois disso relaxei, eu já tava ali mesmo
não é! – Isabela sorriu. – Não tinha o que fazer, decidi não me preocupar.
-
Verdade. – Isso é bom. - Garantiu Isadora.
Flor
e Milla apareceram na porta do quarto.
-
Oi meninas! – Que bela visita.
-
Bela, me diz que você não é a Isabela da calcinha furada do leito 12? –
Perguntou Milla com o semblante preocupado.
Todas
as amigas se olharam simultaneamente, e em seguida para o numero abaixo da cama.
N-12.
Isabela Ficou vermelha de raiva.
-
Malditos estagiários!
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